Como se sabe, a agricultura teve um papel muito importante na sociedade, tal como ainda tem apesar de muita gente não o ver, e as estações do ano relacionam-se directamente com esta, assim como todos os dias especiais que têm também derivação astronómica, isto é, as fases da lua, os equinócios e os solstícios. O solstício de Inverno, que é aquele dia que tem a menor exposição solar acima da linha do horizonte é no dia 20 de Dezembro, mas isto é agora que temos todos os meios para o determinar com exactidão. Na altura dos inventores do natalis solis invictvs era o dia 25 de Dezembro que determinava a altura em que as trevas eram derrotadas e surgia um Sol Invicto crescente de dia para dia.
Posterior a isto está a determinação de um dia que, obviamente, se trata de um dia qualquer entre Março e Setembro mesmo não havendo registo dele em qualquer lado, por na altura não acharem ser importante, que é o dia do Nascimento de Jesus. Quer queiramos, quer não, a data escolhida foi 25 de Dezembro precisamente por causa desse Sol Invicto que nascia para nós. "Nem a morte o venceu." Passaram então os cristãos a comemorar esta festividade dando-lhe o cariz de nascimento do menino Jesus.
A matriz da sociedade portuguesa quis também ter presente essa data e consagrou-a como feriado nacional de nome Natal. Mas não deixou as suas raízes cristãs de lado, pois considerou-o também como nascimento de Jesus.
Entretanto as pessoas começaram a importar costumes, como é o caso da troca de presentes, da árvore de Natal, das luzes, do pai Natal e de muitas outras coisas. Com o passar dos anos, estas tralhas todas foram aumentando e generalizando até que a maioria as deu como certas nas suas casas e nas suas vidas. A verdade é que se foram esquecendo os valores que vinham com o nascimento contínuo de Jesus tais como a amizade, o carinho, o perdão, a familiaridade, a alegria, a satisfação, a simplicidade. Tudo isto deu lugar à luxúria, à avareza, à gula, à raiva, ao medo, à frustração, à fraqueza, à intriga, à ganância, ao ódio e à indiferença. O que se ganhará com estas mudanças? Nada. Há uma forma de ter paz, mas lá está, chateia. "Ia agora eu dar-me bem com o vizinho do lado? Ele tem um carro melhor que o meu!" Transpondo isto para coisas maiores e temos mais que muitos motivos para desatar aos tiros uns com os outros. Agora dizem-me vocês: este tipo ia falar do Natal e acaba em guerras... Tudo bem. Eu volto ao assunto. O Natal não deveria ser feriado geral porque um muçulmano, um ateu ou qualquer outro para quem o Natal é um dia comum ficará a olhar para si com cara de estranho quando lhe dizem que hoje não tem de trabalhar por ser Natal. Perguntar-se-á o que significará tal coisa. É como um cristão chegar, por exemplo, ao dia de Ashurah e ser feriado. Fica sem saber o que comemora. Perde todo o sentido. Claro que ficará contente por ter esse dia de descanso, mas creio que será sem sentido nenhum.
Isto tudo está mal e a culpa é de todos nós que não dizemos uns aos outros qual o verdadeiro significado do Natal. Seja nascimento de Jesus, seja do Sol Invencível, o Natal é o nascimento e se esse nascimento for de paz verdadeira e de harmonia então "Feliz Natal!"
Lá está! Isto sou eu que não percebo nada disto...